27.5.09

MaJhora FM parte das relações interpessoais e dos jogos sociais, encontrando na simplicidade e plasticidade dos sons concretos, gravações de campo, conversas e spoken words, o material para a sua acção e exploração sonora.

O título MaJhora reporta para a marca de jogos infantis do Porto, Majora, fundindo esse nome com a palavra hora por se tratar de produção de som na hora.
Projectamos o som de conversas intimistas retiradas de obras literárias que poderão ser reconhecidas pelo público, seja ele infantil ou adulto.

Foram gravados em estúdio diálogos retirados de livros, nos quais se exaltam estados de alma próprios das relações sociais mais humanas, que encontram na comunicação verbal uma forma de expressão privilegiada.

O enredo dos diálogos é descontextualizado e a expressão verbal é tornada acusmática no formato radiofónico — conseguimos, desta forma, dedicar a maior atenção à exploração sonora do texto falado.

Pretendemos reflectir sobre situações de conflitos pessoais/sociais através da
transmissão de vários níveis de uma peça sonora, cada qual correspondendo
a uma frequência FM local. Os rádios sintonizados em 2 frequências distintas, criam dois grupos de som distintos que, juntos, participam na formação da orquestra de rádios MaJhora FM.

A manipulação individual do rádio, feita por cada elemento do público, particulariza-o como um instrumento-intérprete de uma orquestra de rádios FM.
Estabelece-se uma dialéctica entre o carácter intimista das conversas privadas e a sua transmissão pública que é por vezes interrompida por momentos sonoros mais intensos e elevados até ao limiar do noise, criados pelos músicos em tempo real, a partir das gravações de campo (gravadas propositadamente para o projecto e recolhidas unicamente no Parque de Serralves).

MaJhora FM pretende explorar o potencial da rádio como um dos mais antigos aparelhos de comunicação social de massas que chega a públicos diversos.
Sendo normalmente a intenção do rádio chegar a esses públicos, aqui torna-se uma acção inversa ao tentarmos levar o público a procurar o foco de acção do rádio, procurando-o nas sintonias criadas para o efeito.

A performance pretende ser pública e, ao mesmo tempo, intimista e discreta,
(con)fundindo-se com a festa e ambiente local.

A concentração local do público-performer, com cerca de 100 rádios sintonizados em 2 frequências distintas, cria uma espécie de composição performativa para rádios FM, da qual os compositores/intérpretes são os
músicos Pedro Lopes e JASG que processam o som em tempo real.

MaJhora FM é uma performance radiofónica, pensada para acontecer ao ar livre num espaço público/colectivo e para explorar o potencial interactivo e participativo desse mesmo público (seja ele mais ou menos especializado na prática artística).

Cada objecto-rádio é intervencionado esteticamente de forma a adquirir um carácter lúdico de brinquedo, apelativo para as crianças e para a introdução neste jogo social que implica a participação de todos!

Manuela São Simão e Joana Mateus
Março, 2009

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